O conceito e o significado da
cidadania não são únicos e universais e estão sempre se ampliando e se
modificando para incluir novos direitos, em especial, o “direito a ter
direitos”. O conteúdo da cidadania é sempre definido pela luta política e pela
existência de conflitos reais. Desta forma, pode incorporar novas aspirações,
desejos e interesses, na medida em que esses consigam ser reconhecidos
coletivamente.
Desta forma, um dos pressupostos
básicos para a construção da cidadania é o de que os cidadãos lutem pela
conquista dos direitos definidos por eles próprios como legítimos. Isso faz com
que a noção de cidadania se torne mais ampla, incorporando novos elementos,
como o direito à autonomia sobre o próprio corpo, o direito à qualidade
ambiental, o direito do consumidor, o direito à igualdade, o direito à
diferença etc.
Além disso, num mundo globalizado,
onde a própria atividade política foi submetida às regras do mercado, o
exercício da cidadania não pode ser desvinculado do consumo, uma das atividades
onde atualmente sentimos que pertencemos a um grupo e que fazemos parte de
redes sociais. O consumo não é simples possessão individual de objetos
isolados, mas apropriação coletiva
através de relações de identidade e distinção com os outros de bens que
proporcionam satisfação biológica e simbólica e que servem para receber e
enviar mensagens.
O consumidor deve cobrar permanentemente uma
postura ética e responsável de empresas, governos e de outros consumidores.
Deve, ainda, buscar informações sobre os impactos dos seus hábitos de consumo e
agir como cidadão consciente de sua responsabilidade em relação às outras
pessoas e aos seres do planeta. As
empresas devem agir de forma socialmente e ambientalmente responsável em todas
as suas atividades produtivas. Nesse sentido, responsabilidade social
empresarial significa adotar princípios e assumir práticas que vão além da
legislação, contribuindo para a construção de sociedades sustentáveis. Os
governos devem garantir os direitos civis, sociais e políticos de todos os
cidadãos; elaborar e fazer cumprir a Agenda 21, por meio de políticas públicas,
de programas de educação ambiental e de incentivo ao consumo sustentável. Além
disso, devem incentivar a pesquisa científica voltada para a mudança dos níveis
e padrões de consumo e fiscalizar o cumprimento das leis ambientais. Vivemos em
um país onde a eliminação da pobreza, a diminuição da desigualdade social e a
preservação do nosso ambiente devem ser prioridades para consumidores, empresas
e governos, pois todos são co-responsáveis pela construção de sociedades
sustentáveis e mais justas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário